Wabi Sabi: a arte da imperfeição






Wabi Sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas.

O termo é quase que intraduzível.

Na verdade, wabi sabi é um jeito de “ver” as coisas através de uma ótica de simplicidade, naturalidade e aceitação da realidade.
Contam que o conceito surgiu por volta do século 15.

Um jovem chamado Sen no Rikyu (1522-1591) queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá.

E foi procurar o grande mestre Takeno Joo.

Para testar o rapaz, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu lançou-se ao trabalho feliz.

Limpou o jardim até que não restasse nem uma folhinha fora do lugar.

Ao terminar, examinou cuidadosamente o que tinha feito: o jardim perfeito, impecável, cada centímetro de areia imaculadamente varrido, cada pedra no lugar, todas as plantas caprichadamente ajeitadas.

E então, antes de apresentar o resultado ao mestre Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão.

Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro.

Rikyu virou um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi sabi: a arte da imperfeição.

As características materiais de wabi sabi são:

* Sugestão de processo natural
* Irregular
* Intimista
* Despretencioso
* Terreno
* Simples


Com as suas origens enraizadas numa antiga arte japonesa, wabi sabi é uma nova forma de viver e de decorar, sem stress e sem preocupação. A mudar estilos de vida desde o século XV, wabi sabi é a arte da beleza imperfeita, ou seja, dá-se valor à autenticidade, natureza e simplicidade, em detrimento da ostentação, alta tecnologia e design contemporâneo. Há quem diga que o wabi-sabi é o novo feng shui.

Wabi sabi é olhar para o mundo com uma certa melancolia de quem sabe que a vida é passageira e, por isso mesmo, bela

.

Todas as coisas são impermanentes
Todas as coisas são imperfeitas
Todas as coisas são incompletas

Viver de forma modesta e aprender a sentir-se satisfeito com aquilo que tem depois de eliminado o supérfluo, é a filosofia do wabi sabi. Aplicado à decoração, não difere muito deste conceito.


Decoração wabi sabi em 13 passos

1. Ambientes minimalistas, simples, orgânicos e modestos.
2. Requerem-se espaços pouco cheios onde os artigos dominantes são exclusivamente os essenciais. Essa escolha é feita baseada na sua utilidade, beleza ou sentimentalismo (ou os três).
3. A palete de cores da decoração wabi sabi está assente no branco e nos tons terra.
4. Privilegia-se o uso de materiais naturais (madeira envelhecida, pedra esfarelada, barro, lã, algodão cru, linho, caxemira, papel de arroz…) em vez de materiais artificiais e/ou luxuosos (plástico laminado, mármore polida, placa de vidro, porcelana, poliéster, lycra…).
5. Em termos de peças de decoração, aprecia-se as artes decorativas, mobília e elementos reciclados/reaproveitados, objetos feitos à mão e encontrados em feiras de usados, antiguidades e outras do gênero.
6. A Mãe Natureza deve ser uma companhia constante e deve ser trazida do exterior para o interior sempre que possível: plantas e flores, de preferência do campo, e até ramos de árvore são bem-vindos. Neste contexto, a única “exigência” é que a flora utilizada seja da estação do ano em vigor.
7. Proteger a casa contra o ruído, o que significa um melhor isolamento de portas e janelas, cortinados mais pesados, chão de cortiça, menos gadgets e eletrodomésticos ou então protetores para pousar as máquinas de lavar roupa e louça.
8. Organizar a casa de cima a baixo, jogando fora, reciclando ou doando o que está a mais; encontrar um lugar específico para cada coisa para manter a organização.
9. Privilegiar a luz natural e a de velas em detrimento da iluminação artificial.
10. Gosto especial por formas irregulares e que não têm necessariamente de combinar entre si (em termos de mobiliário também).
11. Expor peças com alma, elevado simbolismo ou sentimentalismo: fotografias em preto e branco do casamento dos seus avós, lençóis e toalhas bordados pela sua mãe, uma escultura amadora feita pelo seu companheiro, um conjunto de pedras apanhadas à beira-mar ou um desenho colorido do seu filho.
12. Criar um espaço pessoal que serve de refúgio ou de meditação.
13. Apreciar a imperfeição – a presença de arranhadelas e fissuras na mobília, portas ou objetos é considerado um símbolo da passagem do tempo e da forma carinhosa e natural com que foram utilizados. No ambiente certo, as peças gastas por anos de uso ganham uma magia inigualável e reconfortante, são companheiros de uma casa, testemunhos de uma vida.


2 comentários:

evelyn disse...

Adorei!!! Lindas imagens, linda maneira de ver o mundo!
bjs

Entre o Ordinário e o Extraordinário disse...

Quando falou do "caixote", despertou minha atenção! Só não sabia que a "essência" desta técnica era "nipônica"... rsrsrs... bjs!!

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